"INSTINTOS"
Roubou, espancou, apanhou da policia. Tentou se matar. A
covardia o fez clamar ao diabo, pedindo pedras de crack. Na cara da mãe deu um
tapa, tomou todo seu dinheiro. Deu risadas ao conseguir. Obsecado, sujo, suado.
Os olhos arranhados de tanto tentar secar. Sempre bolando planos, sempre
maldoso em pensamentos. Somente aguardando o momento para alimentar o demônio
que tem seu mesmo nome, sua mesma aparência e que somente pode ser visto quando
ele se olha no espelho. Como lutar por alguém que não tem força ? Que em sonhos
é atormentado ? Nunca consegue acertar a chama do isqueiro na pedra e sentir a
fumaça tomando seus pulmões. Ao acordar, sente o gosto da maldição. Corre para
boca com um saco cheio de roupas velhas, pois as novas foram trocadas. O
chinelo laminado ao chão. Cuspindo na dignidade. Vai lá ! Tente !
Sairá sangue dos
olhos daqueles que tentarem esconder o fato dos vizinhos. A bomba explode e os
estilhaços atingirão seu coração. As forças esgotarão. Ele não tem amor
próprio. Chutou toda família. Filhos são apenas pedaços de gente. Não entendem
a agonia. Luta para se satisfazer. Nenhum choro o comove. Perdeu casa, emprego
e ate os móveis, vendidos ou trocados por pedaços do inferno. Escapa da morte a
cada segundo. Sabe que ela está próxima, mas, o cachimbo é seu escudo e canal
para ilusão. Só o que vai te satisfazer é o ar que respira. O resto ? Entrou em
coma profundo.
André Monteiro
Relatos Anônimos 2011
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