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segunda-feira, 25 de junho de 2012




24 DE SETEMBRO“  

O processo ainda é lento.
A virada é engraçada.
Estou cansado vida droga.
O brilho encantador.
O menino ainda joga.
O som dos anjos acalma.
Guerreiros vibrando a alma.
Olha o céu meu Deus ! Bom dia !
O sonho vem turbinado.
Fortaleza de esperança.
Na mochila levo virtude.
Compaixão renasce a criança.
Veja aquela luz! Segure!
Os seus laços de energia.
Novos amigos, são família.
Na meditação há perolas.
Minha primeira sobriedade.
Foram quatorze de maldades.
O presente é a verdade.
Reformando meu conceito.
Meu caminho é perfeito.
Se a alucinação aflora.
Pequeno volta a velha escola.
Construindo o futuro.
Olhando por cima do muro.

                                                                    André Monteiro



10 GRAMAS E UM ABRAÇ0"

Copulando com a morte.
Minha tumba em represália.
O negror temido na corte.
Em transe perco a batalha.
Legião de sanguinários.
Esperando uma burrada.
A divida pode ser mínima.
Minha alma é esfacelada.
Onde encontro sustentáculo.
Se a base é de lata.
Os pilares são cachimbos.
Me jogo magro ao espaço.
Da família só desgraça.
Assino embaixo e carimbo.
Sagaz na tal malandragem.
To enganando ate o diabo.
Acredite não e bobagem.
Essa vira a tendência.
Dez gramas e eu me acabo.
Nas favelas violência.
São meros escarnecedores.
Com o dedo no gatilho.
Desprezam os seus valores.
Esse som, FUNDO DE POÇO !
Privilégio aos famintos.

                                                                    André Monteiro

domingo, 24 de junho de 2012




     “ O FIM “                                                         

Andando no sofrimento.
Meu rosto sujo suado.
Só aguardando o momento.
De furar aquela lata.
Por em cima as cinzas.
Dos tocos por onde andei.
O prazer me alucina.
Vejo vultos, imagina!
Um menino assustado.
Sem família com vergonha.
Somente aguardando a morte.
Um alívio imediato.
Eu grito ninguém me escuta.
Demônio sempre me testa.
E garante sua certeza.
Só maldades na cabeça.
Roubo, mato, enlouqueça!
O seu pior pesadelo.
Amor bem longe de mim.
O crack me quer assim.
Sozinho estou sem saída.
Nos meus pés, várias feridas.
Amizades engolidas.
Estou com medo e sofrendo.
Somente tomando veneno.

                                                                   André Monteiro



                          "MENINO SONHADOR"

   Quando eu era criança, sonhava em conhecer o mundo. A cultura de outros países. Coloridos, paradisíacos e místicos. Não sabia como faria, mas, esse era meu desejo. Os problemas começaram a aparecer. O álcool tomou conta da minha casa e sem reação o deixei dominar. Um menino contra um poder destrutivo. Minha mãe se transformava, sua voz mudava e a agressividade era constante. Não pude vencer, me juntei ao maligno muito novo. Tomava porres que me envergonhavam no outro dia, mas, me acostumei. Achava normal. Todos bebiam. Alguns anos depois já não sonhava mais com nada, apenas em beber novamente. Maconha, cola, comprimidos, LSD, cocaína e para fechar com a chave do inferno, o poderoso crack. Afastei todos da minha vida, roubei  família, esculachei todos e a cada dia cavava minha sepultura esperando o momento de ser enterrado. O consumo aumenta. Vomitava antes de usar, chorava quando acabava. Os demônios riram de mim e o meu sofrimento era o combustível desse poder devastador.
   Um anjo bate em minha porta e sua voz soa como um trovão. Minha resposta é não! Pensei que conseguiria mudar sozinho. As lágrimas desse anjo pingaram em minha calçada a cada pingo levantou-se outro anjo com fortes armaduras. Uma segunda tentativa de me ajudar. Quase consegue! Eu tinha que sofrer mais. Decepcionado, pediu para que eu me matasse logo e parasse de fazer os outros sofrer. Na terceira tentativa, minha porta estava cercada de um exército celestial. Deus ouviu um pequeno dizer enquanto eu sofria na abstinência. “ Deus, quero ajuda agora! Voltei a sonhar.

                                                  André Monteiro
                                                Relatos Anônimos

sábado, 23 de junho de 2012




                                                 " ACORRENTADO"

    Hoje pensei em me enforcar. Perdi tudo. O amor das minhas filhas. Faz uma semana que estou em recuperação e a destruição que cometi me esmaga por dentro. Passei meses morando num barraco, torrando cada centavo que ganhei durante meus quarenta e oito anos de vida. Mercado, açougue, carros e motos. Nada mas faz sentido. O crack é uma maldição que tem da uma sensação de prazer potente. Lembro o dia que peguei pela primeira vez minha filha no colo. O dia mais feliz da minha vida. Arruinado. Nunca pensei que chegaria tão longe. Usava cocaína de vez em quando e com o passar dos anos o consumo aumentava. O diabo bate em minha porta e me presenteia com sua corrente mais poderosa. Fumei pela primeira vez, e naquele exato momento, respirei profundamente e disse a mim mesmo que estava no céu. Na verdade foi meu primeiro contato com o inferno. Minha condição financeira contribuiu com o desastre. Geralmente não morremos enquanto podemos pagar pela droga. O que Deus deve pensar a respeito de tudo isso?  Seus filhos nas ruas, roubando e se humilhando.
   Minha família desistiu de mim. Eu mesmo desisti de lutar e comecei a fumar tudo que via na minha frente. Todos olhavam para mim e se perguntavam como tinha acontecido. Meu caráter foi destroçado. De homem trabalhador para mendigo, e tudo tão rápido que nem via os dias passarem dentro de barracos. Estou pagando pelos meus erros e o sofrimento é tão grande que penso em me matar. Os mais jovens me ajudam muito. Me dão uma lição de vida e dizem que se eu não sofrer, o tratamento não funciona. Tudo está se encaixando e não me resta mais nada a não ser sofrer. Estou plantando novas sementes. Bons frutos virão. 


                                                     André Monteiro
                                                 Relatos anônimos 2011